
Há-me um chão
Um chão preso no meu olho
Para por os pés de minhas palavras
... Uma imagem marrom de chão
Um chão marrom de mim mesmo
Negro marrom
Um marrom de mata
Tão chão quanto o vermelho do meu barro infantil
Do meu lixão-brinquedo infantil
Do cheiro adulto de queimadas
E amarelo-chão, às vezes
Quando se resolvia, sem prenúncio
Escorrer da barreira com papelão na bunda
Mania de chão: a brincadeira de sê-lo
O chão de sempre, até que sempre seja
O chão de andar: pedaço do trabalho
O chão, que arado produz
E sai o milho, o feijão
Sai o trigo, nasce flor
O chão fértil, marrom de mim mesmo
De ser chão seu as costas do homem
E que dali pesa os anos
E fica as marcas dos tempos
O chão marrom de mim
A segurar as raízes dos pensamentos
A brotar ideias: Fruto poema
Da mesma cor verde-chão que faz surgir também o açúcar da cana
O milho amarelo de nossos medos
O urucum vermelho de nossa coragem
Um chão de homem de chão
Que faz de si a terra, o barro, a cama
A lama humana de ser onde se pisa
De ser de onde se pisa
De se pisar muitas vezes de onde não se é
Chão nosso de cada dia
Chão humano que somos nós de nossos medos
Um marrom medo nascido na terra fértil
Do chão que muitas vezes não queremos ser
Lembranças de quando fomos plantados no mundo
Para ser tão único com o lugar
Nascido daqui
Aquele menino
Esse cara: Marrom-terra que é isso tudo nele
Vai...
Vai plantar ideias no solo do teu mundo, homem de chão
Que é por onde as pedras deste teu chão choram.
(Eduardo Monga)
sem palavras...sem chão, meu irmão!!!
ResponderExcluirQue belíssimo chão...
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