25/05/2012

RISOS

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!

A vida é triste - quem nega?
- Nem vale a pena dizê-lo.
Deus a parte entre seus dedos
Qual um fio de cabelo!

Como o dia, a nossa vida
Na aurora é - toda venturas,
De tarde - doce tristeza,
De noite - sombras escuras!

A velhice tem gemidos,
- A dor das visões passadas -
A mocidade - queixumes,
Só a infância tem risadas!

Ri, criança, a vida é curta,
O sonho dura um instante.
Depois... o cipreste esguio
Mostra a cova ao viandante!

(Casimiro de Abreu)
- Referência poética enviada por Flávia Soufer
A DANÇA DA PSIQUÊ

A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombara, cedendo à ação de ignotos pesos!

É então que a vaga dos instintos presos
— Mãe de esterilidades e cansaços —
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos.

Subitamente a cerebral coréa
Pára. O cosmos sintético da Idéa
Surge. Emoções extraordinárias sinto...

Arranco do meu crânio as nebulosas.
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!

(Augusto dos Anjos)
- Referência poética enviada por Daniel Palacios

14/05/2012




















(Marco Pezão)




















(Marco Pezão)













Estou só,
e é meu querer
estar só...

Mas, estando só,
falta faz
a companhia do meu só...

SOS

(Marco Pezão)
TRIO DAS SELVAS

Lá...
dentro dela,
fêmea das selvas.
Mulher bicho,
fera...

Corre pela mata,
foge dos piratas,
nada pelos rios,
traga arrepios.

Por lá...
as vozes dos gritos.
No abismo
teus três vultos.
Quase um insulto.
Quase uma guerra
nela...

Abocanha a floresta,
lambe estranhezas,
confessa belezas,
mistérios, pecados
desse bicho safado.

Nua...
dentro dela
ela pula
com curvas,
cabelos, cintura.

Nela
vivem três:
a índia,
a pantera,
a serpente.

Todas lá...
nas águas ferventes.
Ocultas...
pelas profundezas
elas dançam,
mergulham.

Quase se afogam,
quase se matam.

(Flávia Soufer)

XIII















“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi:”Amai para entende-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

(Olavo Bilac)
- Referência poética enviada por Daniel Palacios

07/05/2012

03/05/2012

SÉRIE MINICRÔNICAS PAULISTAS

Todo dia um amor começa e outro termina...
No mesmo banco de praça eu vi um casal em prantos terminando o relacionamento, enquanto ao lado um outro inicia uma nova paixão num beijo ardente e tentador.
A vida é assim...e nesse sentido enviezado seguimos a vida.
Onde um chora outro ri, e onde outro ri um chora
A desbalança das vontades.
Tudo flutuando no daqui a pouco......(Barcos sem culpas)
Tudo encontrando destino próprio...(Buracos de gente)
E a pergunta fica: Onde isso vai chegar conosco? (Portos sem farois)
Cada brecha é uma fechadura.
Todo final é uma porta...para um novo começo nos confins das janelas...


(Eduardo Monga)

02/05/2012

FACA

"Soft Construction with Boiled Beens"
Salvador Dali

















  



Faca que corta
faca que assola
e pesa na alma,
essa faca de lentes agudas,
feito faca amolada pra degolar... e emoldurar
mentes pensantes envoltas de vidas em voltas...
sem voltas...
a menos que, por um segundo
você pare!!!
e veja e, olhe e, observe atentamente
o mundo à sua volta e as suas voltas...
e volte -se, aceite-se, submeta-se
a Si.
E faça a faca foder-se!!!


(Daniel Palacios)