19/07/2013

NOTURNO

É de noite que meu coração bate
entre as horas mais brandas das trevas
aonde todo corte é profundo...aonde arde...

Aonde o gemido da dor é o que sente
por onde corre o sangue das veias
aonde há morte, aonde há lodo...aonde fede...

Aonde, até aonde o podre da carne
por onde vazam as entranhas das ceias
se desdobra, até aonde enlouquecido se chegar no cerne...

E ao corroer-se, comove-se e bebe
num único gole a fina fatia da vida...
e toma-a, perturba-a e a dissolve...

Na fria calada da noite...
Aonde a escuridão é humana...
Aonde a água da chuva te inunda e te aquece...

Na crua quietude da noite...
Aonde a luz da lua ilumina...
Aonde há sombras e, a psique da alma enlouquece...

(Daniel Palacios)