29/11/2012


SEGUNDO A FLOR DA MINHA PELE

O que sou de mim
eu nunca quis
ser diferente
do que de mim sou
Em ter-me preto a minha pessoa,
dentes e cabelos
Também e assim é
pelo que se vê
pessoa minha de pés enorme
das vistas vê-lo
e também as chagas
De deixar-se pensar em se deixar
a tempos, corpo, sorte
e modo de viver
no éter da matéria
Do que em mim há
por minha pessoa preta
Assim e também é
por pessoa minha primeira
que por dentro em mim sou
de gente que não se é de ser
de sentir-se gente
Pelo que de preto
cabelos, dentes e pessoa é
De pessoa sem imagem,
Malogro,
e benquista pelas calçadas,
a vagar sonhos, mundos
e buracos de vida
Também e assim é
que de não em vida ser mais
restou-me em existir
do que de mim carrego
por menos que me seja o ser
sou o mesmo que me suporto
De sonho a dor,
em primeira pessoa,
do que de mim sou,
segundo a flor da minha pele
No que eu nunca quis
ser diferente
do que sou de mim.

Eduardo José Nascimento, Recife, 1999.

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