JUVENTUDE
Grito, por dentro calado
No cerne sinto o ardor
Prostrado em meus devaneios
Permaneço...
Fitando o muramento e discorrendo
Como pôde, o destino ser assim tão atroz
Me alvejando direto no ventre
Com seu olhar angelical
E o sorriso infernal
A brisa, a penumbra, tudo me recorda a ti
Feito truão perco meu comedimento
Obro como néscio, mesmo atinando
Incapaz de evitar, as dúvidas me alagam
Como posso eu, ser pechoso, granjeá-la?
Teria ela desvelo por minha pessoa?
Ou seria apenas um clichê comportamental
Daqueles que exibimos rotineiramente
No caso dela, costumeiramente
Afinal, tal venustidade
Certamente atrai sobejo postulantes
Mas, mesmo que a quimera não torne-se régia
Que o anseio não seja abrandecido
Ei de lembrar-me daquela noite
De teu riso, de seu olhar primoroso
Teus lábios portentosos
E, claro, de teu encantamento
Tua voz, tão afável
Na sapiência de que a perfeição não existe
Minha mente insiste em reverberar
"És perfeita"
E quando estou amparado em meus alicerces
Confiante de meus preceitos
Eis que teu vulto irrompe
Levando ao chão todo meu cosmo
Abalando cada corpúsculo de meu ego
A incerteza prepondera...
(Carlos Henrique Vicente)
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