09/03/2012

AOS PEDAÇOS...DE MIM

A mulher, tão bela Deus a fez em sua carne
que de Adão e da tal costela, mal consigo me lembrar da esfera,
só me lembro das mil faces das pagãs Afrodite, Hera, Perséfone, Lilith e Eva.

Lembro somente das tuas curvas que um dia
tive ao meu lado por prazer em minha cama
dos crimes que cometemos e, das juras de amor que me fazias.

Insano, venho eu a me perder em minhas memórias
no doce mel que de tua gruta úmida escorria...
e me ofertava, banhando-nos em gozos de paixão e de luxúria.

Mulher...ó, mulher... que dos teus beijos
guardo somente o gosto amargo e a desventura
de percorrer-me todo no teu corpo, rio de almas nuas e impuras.

Me perdendo na imensidão de teus e meus desejos
encontrei-me qual cego tateando, a mais bela flor e o espinho
e me cortei...e, por certo hoje sei... não há nem mapa, nem caminho.

Uma esfinje, que a quem olha, em pedaços...se lhe devora
ante o abismo de léguas e mil léguas submarinas
entre lâminas de lendas infinitas e estórias incontadas.

E, se algum dia ainda hei de entender que bicho é esse,
será quando a morte vir beijar a minha fronte
e tu serás para mim, ainda mais vã, mais bela e doce.

Espero-te, teus sussurros a profanar meu túmulo e irromper a minha paz
pois de mim mesmo já parti e, o meu resto, em ruínas aqui jaz,
só restando ao pó do tempo as romãs e as heras ...ó pedaços de mim.


(Daniel Palacios)

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